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Arquitetos: Abalosllopis Arquitectos, Jordi Marset
- Área: 101 m²
- Ano: 2021
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Fotografias:Mariela Apollonio
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Fabricantes: Adobe, AutoDesk, Ceràmica Ferres, Trimble
Descrição enviada pela equipe de projeto. A casa Lurbe foi construída em 1932 em Cabanyal, um bairro tradicional de pescadores nas margens do Mediterrâneo. A apenas 100 metros de distância da orla, a casa do escritor Vicente Blasco Ibáñez, com sua imponente galeria de pilastras jônicas e cariátides voltadas para o mar, representava também as aspirações de seus primeiros proprietários. Após a guerra civil de 1939, a casa de Blasco Ibáñez foi expropriada, transformada em centro recreativo militar, esquecida e demolida para ser reconstruída 70 anos depois. No entanto, a casa Lurbe sobreviveu ao período pós-guerra graças ao mercado negro, foi habitada e reabitada, renovada e desgasta pelo uso.
Partindo da tão desejada sala externa, o projeto agora possui uma camada arquitetônica adicional, entrelaçando a história de ambas as casas. A demolição da fachada posterior fez ressurgir a galeria - coberta e fechada em algum momento incerto da sua história - que agora se transforma em uma sala exterior convidando ao uso e a permanência, que se estende ao sol e ao vento aproveitando as condições climáticas favoráveis, assim como a sala de jantar de Blasco Ibáñez. A nova sequência de espaços e elementos costura a contemporaneidade ao passado, o deliberado ao acidental e o refinado ao cotidiano. As janelas da varanda recuperadas, as portas interiores envidraçadas recolocadas, a rica decoração do teto do banheiro e a sua claraboia profunda, que esconde os segredos do pós-guerra espanhol, coexistem com os, agora aparentes, caibros que sustentavam o teto de palha, a nova abóbada do hall, ou o brilho do tramado cerâmico que reflete a luz e nos transporta para o Mar Mediterrâneo.
Ao reconstruir a rica história social da casa, não apenas com pequenos gestos de manutenção e reparo, mas também com usos inteiramente novos, o projeto introduz uma qualidade imperfeita em uma casa imperfeita. O tempo recusa qualquer tentativa de concepção global, no entanto, uma bricolagem material e temporal reúne o visível e o invisível em um novo todo. Pelo menos por enquanto.